quinta-feira, 2 de maio de 2019


Simultaneamente ao reconhecimento da natureza da mente no Dzogchen radical está o entendimento de que a meditação elaborada – e junto com ela toda "prática espiritual" – é supérflua. Se a prática espiritual é, em última instância, inútil, assim também é o dogma e a hipocrisia, sejam eles racionais e humanísticos ou religiosos e apocalípticos.

O Dzogchen Radical, livre de crença, não pode ser dogmático; na verdade, é inteiramente pragmático, na medida em que a visão surge espontaneamente em resposta aos requisitos de cada momento único. Por essa razão, nenhuma linhagem, nenhum lama, nenhum professor humano, tem direitos exclusivos sobre a expressão da natureza da mente, nem possui qualquer controle especial sobre qualquer forma de meios hábeis.

Além disso, nenhum indivíduo no passado, presente ou futuro, tem qualquer expressão final ou monopolística da visão – que é, na verdade, uma não-visão.                                                                                       
                                                                                 
É auto-evidente que nenhum indivíduo tem mais ou menos proximidade com o Dzogchen do que qualquer outro; reina a igualdade existencial absoluta. Do mesmo modo, o Dzogchen não pode ser retido em uma instituição restritiva, porque a verdadeira comunidade do Dzogchen, sua sangha autêntica, não possui limites e, uma vez que nenhum sinal evidente ou realização material se manifesta, nenhuma hierarquia de realização pode ser certificada. A realidade do Dzogchen é inefável e inexprimível, não-reificada e indeterminada. Ela se manifesta de maneiras incontáveis em um infinito espectro de possibilidades em resposta a situações sempre-únicas.
                                                             

Tiklay Kunsel 
(Texto Dzogchen)


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