Simultaneamente ao
reconhecimento da natureza da mente no Dzogchen radical está o entendimento de
que a meditação elaborada – e junto com ela toda "prática espiritual"
– é supérflua. Se a prática espiritual é, em última instância, inútil, assim
também é o dogma e a hipocrisia, sejam eles racionais e humanísticos ou
religiosos e apocalípticos.
O Dzogchen Radical,
livre de crença, não pode ser dogmático; na verdade, é inteiramente pragmático,
na medida em que a visão surge espontaneamente em resposta aos requisitos de
cada momento único. Por essa razão, nenhuma linhagem, nenhum lama, nenhum professor
humano, tem direitos exclusivos sobre a expressão da natureza da mente, nem
possui qualquer controle especial sobre qualquer forma de meios hábeis.
Além disso, nenhum
indivíduo no passado, presente ou futuro, tem qualquer expressão final ou
monopolística da visão – que é, na verdade, uma não-visão.
É auto-evidente que
nenhum indivíduo tem mais ou menos proximidade com o Dzogchen do que qualquer
outro; reina a igualdade existencial absoluta. Do mesmo modo, o Dzogchen não
pode ser retido em uma instituição restritiva, porque a verdadeira comunidade do
Dzogchen, sua sangha autêntica, não possui limites e, uma vez que nenhum sinal
evidente ou realização material se manifesta, nenhuma hierarquia de realização
pode ser certificada. A realidade do Dzogchen é inefável e inexprimível,
não-reificada e indeterminada. Ela se manifesta de maneiras incontáveis em um
infinito espectro de possibilidades em resposta a situações sempre-únicas.
Tiklay Kunsel
(Texto Dzogchen)
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