Longchenpa toma essa
exposição da espontaneidade como o momento para reforçar o preceito da
não-ação. A espontaneidade é a natureza da mente luminosa, e na medida em que a
espontaneidade proporciona incessantemente a presença pura do agora, não há
necessidade de fazer nada. Portanto, qualquer atividade projetada para
facilitar ou agilizar o reconhecimento da presença pura é contraproducente.
Qualquer ação meditativa ou ióguica é supérflua. Qualquer esforço é uma
interferência num processo inato. Não é tanto uma questão de “Se não está
quebrado, não conserte”, mas mais “Se você tentar consertar o que não está
quebrado, você vai quebrar.” Nós já estamos no destino, então não pegue o trem.
Não vamos a lugar algum. Se tivermos concebido um destino, devemos repensar
isso. A ação orquestrada e o esforço nos impedem antecipadamente. A
intervenção, não importa quão benigna, é a falha. Mas cuidado com os preceitos
dogmáticos!
A própria espontaneidade
é o agente que concede os desejos. Ela fornece a unidade do samsara e do
nirvana. Não interfira com a espontaneidade natural. Nem sequer olhe. Se você
precisa fingir que não está olhando, com as mãos na frente dos olhos, feche os
olhos e evite a tentação de olhar através das fendas entre os dedos. A joia que
realiza desejos é a fruição do Dzogchen.
Keith Dowman
(em
“O Coração-Vajra, O Tesouro Precioso do Dharmadhatu de Longchenpa – Keith
Dowman”. Adaptado ao português por Kadag Lundrub.”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário