terça-feira, 7 de maio de 2019

Longchenpa toma essa exposição da espontaneidade como o momento para reforçar o preceito da não-ação. A espontaneidade é a natureza da mente luminosa, e na medida em que a espontaneidade proporciona incessantemente a presença pura do agora, não há necessidade de fazer nada. Portanto, qualquer atividade projetada para facilitar ou agilizar o reconhecimento da presença pura é contraproducente. Qualquer ação meditativa ou ióguica é supérflua. Qualquer esforço é uma interferência num processo inato. Não é tanto uma questão de “Se não está quebrado, não conserte”, mas mais “Se você tentar consertar o que não está quebrado, você vai quebrar.” Nós já estamos no destino, então não pegue o trem. Não vamos a lugar algum. Se tivermos concebido um destino, devemos repensar isso. A ação orquestrada e o esforço nos impedem antecipadamente. A intervenção, não importa quão benigna, é a falha. Mas cuidado com os preceitos dogmáticos!

A própria espontaneidade é o agente que concede os desejos. Ela fornece a unidade do samsara e do nirvana. Não interfira com a espontaneidade natural. Nem sequer olhe. Se você precisa fingir que não está olhando, com as mãos na frente dos olhos, feche os olhos e evite a tentação de olhar através das fendas entre os dedos. A joia que realiza desejos é a fruição do Dzogchen.  


Keith Dowman
(em “O Coração-Vajra, O Tesouro Precioso do Dharmadhatu de Longchenpa – Keith Dowman”. Adaptado ao português por Kadag Lundrub.”)         

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