segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Exemplo





Certa vez – na verdade, na última metade do século 16 – havia um homem pobre e sem instrução que desejava devotadamente se iluminar. Ele se via como alguém por demais desprezível e sem valor para tornar-se um monge budista, mas mesmo assim foi a um mosteiro e pediu permissão para trabalhar em seus campos. A cada dia esse homem simples trabalhava do amanhecer ao anoitecer. Ele era tímido demais para aproximar-se e dirigir uma pergunta a qualquer um. Simplesmente esperava que, observando os monges, pudesse descobrir um método pelo qual pudesse alcançar a Iluminação.

Um dia, um monge veio visitar o mosteiro. Esse monge caído num estágio muito baixo em sua vida espiritual, e ia de mosteiro em mosteiro tentando encontrar uma maneira de renovar sua fé. Ele notou o homem que trabalhava tão alegremente nos campos e ficou maravilhado com seu entusiasmo pelo trabalho duro. Como aquele homem desfrutava tanto da vida? Qual seria o seu segredo?

E assim o monge foi até o homem e, com humildade e admiração, perguntou: “Senhor, poderia ser gentil o bastante para me dizer qual é o seu método? Que prática o senhor segue?”

“Eu não sigo nenhuma prática”, disse o homem, “mas certamente gostaria de aprender alguma. Venerável mestre, o senhor seria gentil o bastante para me dar alguma simples instrução?”

O monge visitante viu a sinceridade e a humildade do homem e ficou tocado por ela. “Você fez por mim o que muitos mestres não conseguiram”, disse. E sentindo-se verdadeiramente inspirado, ele renovou seu voto e sua determinação de atingir a iluminação exatamente naquele lugar: “Nenhuma instrução que eu possa dar a você pode ser tão valiosa como a que você deu a mim através de seu exemplo”.

Hsu Yun
(em “Nuvem Vazia: Os Ensinamentos de Hsu Yun”)


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