Você pensa ser aquilo que os sentidos e a mente sugerem.
Não tendo conhecimento direto sobre si mesmo, tudo o que você tem são ideias,
todas medíocres, de segunda mão, de ouvir dizer. Tudo o que você pensa ser,
você toma por verdade, o hábito de se imaginar perceptível e descritível é
muito forte em você.
Eu vejo como você vê, ouço como você ouve, sinto gosto como
você sente e como da mesma forma que você come. Quando tenho muita fome ou
estou doente, meu corpo e minha mente enfraquecem. Percebo tudo isso com
clareza, mas, de alguma forma, não faço parte das coisas, sinto-me flutuando
sobre elas, distanciado e desprendido. Da mesma forma que há fome e sede, há
distanciamento e desprendimento. Há também a consciência de tudo isso, e um
senso de estar muito longe, como se o corpo e a mente e tudo o que acontece a
eles estivessem em algum lugar longínquo, no horizonte. Sou como uma tela de
cinema – límpida e vazia – as imagens passam sobre ela e desaparecem,
deixando-a tão límpida e vazia quanto antes. As imagens em nada afetam a tela,
e tampouco a tela afeta as imagens.
Sri Nisargadatta Maharaj
(em “Eu Sou Aquilo” pág
248 - Tradução para o português de Patrícia de Queiroz Carvalho Zimbres.
Editora Satsang)
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