quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Distanciado e desprendido


Você pensa ser aquilo que os sentidos e a mente sugerem. Não tendo conhecimento direto sobre si mesmo, tudo o que você tem são ideias, todas medíocres, de segunda mão, de ouvir dizer. Tudo o que você pensa ser, você toma por verdade, o hábito de se imaginar perceptível e descritível é muito forte em você.

Eu vejo como você vê, ouço como você ouve, sinto gosto como você sente e como da mesma forma que você come. Quando tenho muita fome ou estou doente, meu corpo e minha mente enfraquecem. Percebo tudo isso com clareza, mas, de alguma forma, não faço parte das coisas, sinto-me flutuando sobre elas, distanciado e desprendido. Da mesma forma que há fome e sede, há distanciamento e desprendimento. Há também a consciência de tudo isso, e um senso de estar muito longe, como se o corpo e a mente e tudo o que acontece a eles estivessem em algum lugar longínquo, no horizonte. Sou como uma tela de cinema – límpida e vazia – as imagens passam sobre ela e desaparecem, deixando-a tão límpida e vazia quanto antes. As imagens em nada afetam a tela, e tampouco a tela afeta as imagens.


Sri Nisargadatta Maharaj
(em “Eu Sou Aquilo” pág 248 - Tradução para o português de Patrícia de Queiroz Carvalho Zimbres. Editora Satsang)



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