A eternidade é o lugar de todos nós, e o único. Mas nossos
discursos nos separam dela, bem como nossos desejos, bem como nossas
esperanças... No fundo, só estamos separados da eternidade por nós mesmos. Daí
essa simplicidade, quando o ego se dissolve: não há mais que tudo, e pouco
importa então o nome (“Deus”, “Natureza”, “Ser”...) que alguns quererão lhe
dar. Quando não há mais que tudo, para que as palavras, já que o tudo não tem
nome? O espírito do Tao sopra aqui, e esta grande loucura do Oriente me importa
mais do que nossas pequenas sabedorias... O silêncio e a eternidade andam
juntos: nada a dizer, nada a explicar, já que tudo está presente.
André Comte-Sponville
(em “O amor a solidão”)
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