sexta-feira, 7 de julho de 2017

Por que amar nas flores as flores que ainda não existem?


Por que só amar nas flores as flores que ainda não existem? Por que procurar nelas o que elas não são, por que sempre comprará-las com outra coisa? Por que querer encerrar o real, a riqueza do real em nossas pobres abstrações? “O objeto”, “o sujeito”, você diz – conversa! Não há “objeto”, não há “sujeito”, não há “cor”, “perfume”, não há nem mesmo “rosa”! Tudo isso não passa de palavras, nossas pobres palavras, modestas ou grandiosas. Sei perfeitamente que não podemos prescindir delas, mas o real não tem o que fazer com elas.


André Comte-Sponville
(em “O amor a solidão”)



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