Por que só amar nas flores as flores que ainda não existem?
Por que procurar nelas o que elas não são, por que sempre comprará-las com
outra coisa? Por que querer encerrar o real, a riqueza do real em nossas pobres
abstrações? “O objeto”, “o sujeito”, você diz – conversa! Não há “objeto”, não
há “sujeito”, não há “cor”, “perfume”, não há nem mesmo “rosa”! Tudo isso não
passa de palavras, nossas pobres palavras, modestas ou grandiosas. Sei
perfeitamente que não podemos prescindir delas, mas o real não tem o que fazer
com elas.
André Comte-Sponville
(em “O amor a solidão”)
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