domingo, 28 de outubro de 2012
Tudo é real e tudo está certo
Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
(em "Poesia Completa de Alberto Caeiro")
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
"Certa vez, disse o Buda uma parábola: Um homem viajando em um campo encontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu encalço. Apr...
-
Não mude ninguém. Não mude nada. Não reaja a ninguém, não reaja a nada. Não viva no passado e não se preocupe com o futuro. Fique no ete...
-
Um discípulo do famoso peregrino judeu Maggid von Mesritsch nos legou a seguinte frase: “Não fui procurar o Maggid para estudar o To...
Nenhum comentário:
Postar um comentário