sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ambições por ilusões


Dentros de nós resta uma angústia, originária provavelmente da consciência humana da mortalidade. Por isso temos filhos, escrevemos livros, compomos sinfonias, plantamos árvores. Queremos imortalidade. Eis uma bela razão para as religiões sempre prometerem uma vida futura. Aqui, aprendendo sobre o budismo, vejo que Buda quis destruir também o desejo do ego se imortalizar. Demolir a raiz dessas ambições por ilusões.

Trabalhamos por quê? Provavelmente queremos satisfazer uma necessidade íntima, profunda, de dar significado à nossa existência. Aparentemente lutamos por bens materiais, sucessos emocionais, vitórias. Mas não é isso realmente. Desejamos preencher nossa existência com um sentido. Como não conseguimos assimilar a impermanência da vida humana, queremos dar a ela um significado que nos satisfaça. E se não são as religiões, com seus mitos de imortalidade, então são as obras que parecem sólidas, imortais, pirâmides. Tentamos agregar ao nosso eu essas coisas e realizações. Falhamos miseravelmente porque nos baseamos todo tempo no eu pessoal. O budismo está me ensinando que a maior realização é transcender esse eu.

Monge Genshô
(no livro "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")

Nenhum comentário:

Postar um comentário