Na maioria das vezes em que olhamos em volta, imediatamente vemos que nosso ambiente valida essas falsas identidades. Por isso, é um esforço desafiador desconstruir essa ilusão do eu. Sempre que olhamos no espelho podemos ter algum pensamento sobre nós mesmos. Cada um desses pensamentos aumenta o efeito. Eles se tornam os tijolos conceituais que usamos para continuar construindo o castelo ilusório do eu.
No entanto, há a suspeita de que essa noção do eu pode ser muito frágil e transitória; esse pensamento fica silenciosamente se esgueirando em algum lugar de nossa mente. Na maioria das vezes, essa suspeita não é trazida à luz da consciência, mas se for, uma sabedoria interior profunda surgirá certamente.
Nossa suspeita sobre a fragilidade dessa falsa noção do eu pode ir em duas direções. Em geral, ela se torna a fonte do medo, ansiedade e insegurança. Frequentemente vemos pessoas temerosas e excessivamente defensivas no que se refere às suas próprias identidades. Nós mesmos temos a tendência de nos amedrontar caso nossa identidade seja ameaçada. Mas em outras vezes a suspeita pode ir em outra direção. Quando isso acontece, pode acontecer uma revelação de mudar a vida, que nos leva para a realização do nível mais elevado da verdade.
Essa ideia não é nenhuma nova super-teoria. Trata-se de uma sabedoria imemorial que já foi realizada por muitas pessoas na história humana. O Buda ensinou essa sabedoria, e em sua tradição isso é chamado de “anatman” ou “não-eu”. Esse é o termo usado para indicar que uma pessoa desnudou essa falsa noção do eu. Ela percebeu que essa sensação é apenas uma identificação com os papéis representados na vida. É apenas uma máscara, não a verdade.
Anam Thubten
(em “No Self, No Problem")
Retirado do blog darma.info
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