O Zen não é tão especial. De momento a momento, o que você está fazendo agora? Essa é a verdadeira mente Zen.
Seung Sahn
Onde está o verdadeiro mestre? Você deve encontrar o seu verdadeiro mestre. Se você mantiver uma mente clara como o espaço, então todas as coisas são o seu verdadeiro mestre. O céu é o seu mestre. As árvores são o seu mestre. O cão que ladra é seu mestre. Tudo é seu mestre, pois o seu mestre está sempre bem em frente a você.
Seung Sahn
Quando sua mente está completamente vazia, ela é como um espelho cristalino. Apenas reflete o sol e a lua. Refletindo apenas, você alcança o mundo-momento, o qual é, simplesmente, verdade. Refletir apenas. Esse é o ensinamento de Buda. É o nosso verdadeiro eu. É a verdade, o Caminho correto e a vida correta.
Seung Sahn
Se você quiser entender o reino dos budas, mantenha uma mente tão clara cono o espaço. Deixe todos os pensamentos e desejos exteriores desvanecerem-se e deixe que sua mente vá, desobstruidamente, onde quiser.
O que é manter uma mente clara como o espaço? Ela é de natureza iluminada. Logo, sem cultivar, você já é completo. Entendimento, entendimento. Clareza, clareza.
Seung Sahn
O entendimento sobre a verdade pode não lhe ajudar. Pode não salvar a sua vida. Em vez disso, de momento a momento, o que você está fazendo, exatamente agora? Mantenha sempre uma mente clara, e quando estiver fazendo alguma coisa, apenas faça. Mesmo que você compreenda que o céu azul é verdade, que a árvore verde é verdade, se não mantiver uma mente clara a cada momento, tal entendimento não funcionará corretamente para ajudá-lo em sua vida. Portanto, de momento a momento, uma mente que faz é muito importante. Mente-agora. Sem sujeito ou objeto. Você apenas age claramente, para ajudar todos os seres. Isso também é Grande Amor, Grande Compaixão e o Caminho do Grande Bodisatva.
Seung Sahn
Iluminação é só uma palavra. Se você usar Iluminação, então iluminação existe. Mas se iluminação existe, ignorância existe também. E então surge o mundo de opostos: bom e mau, certo e errado, iluminado e ignorante... Todos os opostos criados por sua mente.
Mas a verdade é absoluta e ela é antes de qualquer conceito de opostos surgir. Por isso, se voce faz alguma coisa, você terá aquela coisa e ela será um obstáculo. Mas se você não fizer nada, você terá tudo.
Seung Sahn
Uma vez eu disse a um aluno, "Você deve praticar assim: cada vez que uma aflição ou dificuldade surgir, abra espaço para o Buda. Convide o Buda para esse espaço e ele fará o que precisa ser feito." Deixe o Buda caminhar o seu caminhar, deixe o Buda respirar o seu respirar, deixe o Buda cantar a sua canção, e tudo ficará bem. "Querido Buda, por favor dê esse passo por mim. Eu não darei o próximo passo; deixarei que você o dê. Não darei a próxima respiração; deixarei que a dê. Por favor, sorria por mim." Quando dizemos isso, podemos superar as dificuldades rapidamente. Por que ficar preso às suas dificuldades? Por que nos mantemos tão rígidos, mesmo que isso mantemha sofrendo? Por que não permitimos que o Buda nos auxilie?
Thich Nhat Hanh
Toda a nossa herança genética e espiritual - o sofrimento, a felicidade, os enganos, e os insights de nossos ancestrais - continuam em cada célula de nossos corpos. Nós temos o Buda, temos os nossos mestres, e temos nosso pai e nossa mãe em cada célula de nosso corpo. Quando caminhamos, todos eles caminham também. Não pense : "Eu sou aquele que está andando." Quem é você, afinal? Você é intrinsecamente vazio, e precisa ver isso. Insight é a habilidade de ver isso.
Thich Nhat Hanh
Somente praticando com toda seriedade você poderá ter um despertar repentino para a natureza essencial, e depois, gradualmente, subir a escada do despertar. Esse é o caminho que leva à compreensão de que todos os fenômenos em seu íntimo e ao redor de você não têm substância verdadeira, são meros conceitos criados pela mente. Quando realiza isso, você não permite mais que sua mente corra atrás de qualquer coisa. Você permite que os fenômenos apenas apareçam e se transformem de acordo com sua verdadeira natureza, e deixará de lado as ideias de criação e aniquilação. Então, embora seus ouvidos ouçam, seus olhos vejam, sons e várias formas ainda surjam, você estará calmo, imperturbável e aberto. Você está sempre livre.
Mestre Guishan
Todo ser vivo possui o coração da iluminação. As sementes da iluminação existem dentro de cada um. Os seres vivos não precisam buscar a iluminação fora de si mesmos, pois toda a sabedoria e poder do universo já está presente dentro deles. Essa foi a grande descoberta do Buda e morivo para todos se regojizarem.
Thich Nhat Hanh
Embora, ordinariamente, pensemos que uma folha nasça na primavera, Gautama podia ver que ela já estava lá por um longo, longo tempo, na luz do sol, nas nuvens, na árvore e nela mesma. Vendo que a folha jamais havia nascido, pôde ver que ele próprio também jamais havia nascido. Ambos, a folha e ele mesmo, tinham apensa se manifestado - nuncam tinham nascido e, assim, eram incapazes de morrer. Ele pôde ver que a presença unica de qualquer fenômeno tornava possível a existência de todos os demais fenômenos. Um incluía todos e todos estavam contidos no um.
Thich Nhat Hanh
Olhando profundamente para a folha, com clareza, Sidarta viu a presença do sol e das estrelas - sem o sol, sem a luz e o calor, ela não existiria. Isso é assim porque aquilo é daquela maneira. Também viu na folha a presença das nuvens - sem nuvens não poderia haver chuva, e sem a chuva, a folha não poderia ser. Ele viu a terra, o tempo, o espaço e a mente - todos estavam ali presentes. Realmente, naquele exato momento, o universo inteiro existia naquela folha. A realidade da folha era um maravilhoso milagre.
Thich Nhat Hanh
No zen, a religião é a sua própria vida, sempre, em cada instante.
Fixar a atenção neste nomento, sem esperar nada dele, sem fazer depender nada dele, sem adicionar ou excluir nada. Simplemente aproveitar este momento.
A sua visão da vida deve ser tão clara que você poderia aproveitar inclusive se tivesse que morrer neste preciso instante.
Kodo Sawaki Roshi
Dōgen não vê o universo como um “cenário” neutro no qual os seres vivem.
Ele afirma que o universo está praticando o Caminho agora mesmo — através de tudo: montanhas, rios, pessoas, tempo, silêncio.
“As montanhas e rios da Terra inteira são o corpo e a mente do Buda.”
(Sansuikyō – Sutra das Montanhas e Rios).
Dōgen dissolve a dicotomia “eu vs. mundo”:
Quando o ego se desfaz, você não está no universo — você é o universo se expressando aqui e agora.
É uma visão não dual:
Você não está separado do cosmos;
Você é parte integrante da dança do Dharma — como o vento, a pedra, o silêncio, a estrela.
A única maneira de ultrapassarmos a roda do samsara é transformar toda a nossa vida em uma prática do Dharma. Há muitas qualidades que precisamos no caminho, incluindo generosidade, paciência, bondade amorosa, compaixão e, especialmente, a capacidade de estar atento, de estar consciente, de estar presente. Toda a nossa vida deve se tornar a nossa prática. Todas as pessoas que encontramos são a nossa prática. Tudo nos ensina algo se estivermos abertos a aprender. Então, quando toda a nossa vida for a nossa prática, não poderemos dizer: "Não tenho tempo.
Jetsunma Tenzin Palmo
Quando algum problema físico ou mental acontece, minha mente se torna amarga e sombria, ou busca alívio freneticamente.
Que importância tem isso? É a mente que é amarga e inquieta, não você. Veja, coisas de todos os tipos acontecem nesta sala. Sou em quem faço acontecer? Elas apenas acontecem. Com você é a mesma coisa - a trama do destino desenrola e atualiza o inevitável. Você não pode mudar o curso dos acontecimentos, mas você pode mudar sua atitude.
O mundo é a morada dos medos e dos desejos. Nele não se pode encontrar paz. Para ter paz, você tem que ir além do mundo.
O tempo acerta todas as contas. A lei do equilíbrio reuna suspensa.
Sri Nisargadatta Maharaj
Ao ler o Shōbōgenzō, ficou claro para mim a visão sobre o ser humano, quando consciente e desperto:
- Somos um espelho do universo, capaz de perceber sua inseparabilidade de tudo;
- Somos ponto de manifestação: quando sentamos em zazen, o universo inteiro senta conosco.
“Sentar-se em zazen é fazer girar a roda do Dharma. Mesmo que o corpo pareça imóvel, as dez direções estão se movendo contigo.”
Isso significa que, quando nos aquietamos verdadeiramente, participamos da respiração cósmica.
Dōgen rejeitou a visão linear de que primeiro se pratica e depois se alcança a iluminação. Em vez disso, ele afirma que praticar já é expressar a iluminação, e iluminar-se é praticar. Não existe um caminho no qual a prática seja apenas um meio para um fim (iluminação); ambos são simultâneos.
“Sentar-se em zazen é já estar iluminado como Buda.”
Essa ideia é radical: elimina o objetivo como meta futura e foca no aqui e agora.
Este é um dos textos mais influentes de Dōgen. Em Genjōkōan, ele diz que todas as coisas estão em constante expressão da realidade tal como ela é. Não há separação entre fenômeno e verdade última.
O termo “genjō” (現成) significa "manifestação/atualização", e "kōan" (公案) remete a um “caso público” – um paradoxo Zen que aponta para a verdade além da lógica.
Dōgen não vê kōan como enigmas intelectuais, mas como expressões vivas da realidade. A própria vida cotidiana é o kōan.
Dōgen desenvolve uma concepção revolucionária do tempo como inseparável do ser. Em seu fascículo Uji, ele declara:
“Ser é tempo. Tempo é ser. O tempo não passa por nós, nós somos o tempo.”
O tempo não é linear ou exterior aos seres — todo ser é uma expressão temporal. Cada momento contém a eternidade, e cada ato cotidiano é a totalidade do ser-tempo.
Não se trata de "passar o tempo", mas de "ser tempo".
Dōgen usa o termo 無所得 (mushotoku) — “sem desejo de ganho”. Esse é um termo chave para o Zen:
“Sentar-se sem buscar nada, sem esperar nada, sem tentar se tornar alguém — esse é o verdadeiro zazen.”
O zazen não serve para “melhorar” sua mente, a sua personalidade ou "melhorar" o que quer que seja.
O zazen é a expressão da mente já desperta, mesmo que você não perceba.
Dōgen nos lembra:
“A flor se abre porque ela já é a abertura.”
Praticar não é uma escada. É uma floração constante do instante. Não se caminha para a iluminação — caminha-se como a iluminação.
Dogen rejeita a ideia tradicional de que se pratica a fim de alcançar a iluminação.
Para Dōgen, esse pensamento dualista é uma ilusão:
"Praticar o caminho é já ser o caminho. Iluminar-se não é resultado da prática — é sua expressão."
Para Dōgen, a impermanência não é uma negação da realidade, mas exatamente o que torna as coisas reais, preciosas e significativas.
“As flores caem mesmo que as amemos; as ervas crescem mesmo que não as desejemos.” (Genjōkōan)
Aqui, ele mostra que o apego e a aversão não mudam a realidade do fluxo. Mas é justamente esse fluxo que dá valor ao momento presente.
Diferente de escolas budistas que veem a impermanência como algo a ser “superado” ou “transcendido”, Dōgen afirma:
- Impermanência é a própria iluminação.
Não há um eu fixo, uma mente estática, um tempo congelado.
Para Dogen, não há "um eu vendo as coisas mudarem". A mudança é você, é o mundo, é o tempo.
Se tudo é impermanente, isso não leva ao desinteresse — para Dōgen, é o contrário: a impermanência intensifica a urgência da prática.
Traz compaixão: cada encontro pode ser o último.
Traz respeito: cada objeto, momento, pessoa é único.
Assim, preparar arroz, caminhar, ouvir a chuva, sentar-se em silêncio — tudo se torna sagrado por ser passageiro
A Impermanência é consequência direta da vacuidade (śūnyatā):
Porque os fenômenos não têm essência fixa, eles estão em constante surgimento e cessação;
Mas esse fluxo não é caótico — é a dança da interdependência, da natureza búdica em movimento.
Dōgen rejeita o pensamento de que “algo está se perdendo”. Em vez disso, cada coisa surge e desaparece completamente, sem deixar restos ou faltar algo.
“O momento presente é completo. O passado já realizado é completo. O futuro que ainda não veio é completo.”
Não há “algo que muda”. Só há mudança.
E essa mudança é plena — é zazen, é dharma, é vida.
No fascículo "Gyōji" do Shōbōgenzō, Dōgen afirma que a prática é ininterrupta, sem começo nem fim, e não depende de estados mentais, tempo histórico ou circunstâncias.
A prática não como meio, mas como fim em si mesma.
Para Dōgen, prática e realização são uma só coisa (修證一等 – shushō ittō).
"Gyōji não é o caminho para alcançar o despertar – é o próprio despertar em movimento."
Você não pratica para se iluminar; você se ilumina ao praticar, e isso acontece de novo a cada instante.
Na visão de Dōgen, a mente que é Buda é o aqui e agora completamente vivenciado.
Quando varremos o chão com atenção plena, isso é a mente-Buda.
Quando sentamos em zazen sem buscar nada, isso é a mente-Buda.
Quando comemos arroz com gratidão e presença, isso é a mente-Buda.
Dōgen está, como em muitos capítulos, reforçando o princípio de 修証一等 – shushō ittō: prática e realização são uma só coisa.
“A mente que pratica é a mente de Buda."
Nirvana é a não-dualidade, onde não há distinção entre largo e estreito, longo e curto, certo e errado, aparecer e desaparecer, eu e o outro. É a verdadeira realidade, o estar entre o tempo e o espaço. Ela não pode ser alcançada objetivamente.
É onde um é muitos, a parte é o todo, um momento é atemporal, a mortalidade é imortalidade. Experimentar o nirvana em meio ao fluxo do tempo, das mudanças e da decadência é um milagre. Para Dogen, esse milagres podem acontecer a cada momento, pois cada momento na dualidade é inseparável da não-dualidade.
Kazuaki Tanahashi
No grande caminho percorrido pelos mestres há sempre prática insuperável, contínua e sustentada. Ela forma o ciclo do caminho e nunca é interrompida. Entre aspiração, prática, despertar e nirvana não há sequer uma brecha.
Sendo assim, a prática contínua é imaculada, não forçada por você. O poder da prática contínua confirma você. Isso significa que sua prática afeta a terra e os céus inteiros, em todas as direções. Você pode não perceber, mas é assim.
Dogen Zenji
Nascer de novo a cada instante significa morrer a cada instante. Ser totalmente o que somos agora significa deixar de ser o que éramos há um segundo. Entretanto, nos apegamos ao que acreditamos que somos, e pretendemos continuar sendo o que somos.
O Zen significa ser o original em cada momento. Ser o original a cada instante significa morrer a cada instante".
Dokushô Villalba
Existir significa ser algo, um sentimento, um pensamento, uma ideia. Apenas o ser é universal, no sentido de que cada ser é compatível com cada outro ser. As existências entram em choque, o ser jamais. Existir significa vir-a-ser, mudar, nascimento, morte e novo nascimento, enquanto no ser há paz silenciosa.
Sri Nisargadatta Maharaj
A felicidade está sempre disponível e todos os sentimentos negativos são construídos dentro da nossa própria mente.
A infelicidade, por outro lado, precisa ser construída; nossa angústia por existir, por sermos temporários, por haver finitude, por não haver certezas, bem como nossa ansiedade pelo futuro, nossas tristezas pelo passado, pelo que perdemos, pelo que não volta mais, tudo isso só existe dentro da nossa própria mente. E a única verdadeira realidade é este momento, este agora, esse pássaro cantando, nosso "estar sentado", nossa respiração deste exato momento.
Monge Genshô
Quando Dogen diz, "Todo ser é tempo" não significa que as coisas manifestam-se na corrente do tempo, como sempre achamos. Significa que que tudo se reflete como espelho no bem no centro do nada. Isso é a vastidão do universo. É claro, puro, como um espelho. Quando você vê sua vida refletida nesse espelho, isso é não-eu.
Precisamos praticar o não-eu a cada momento.
Dainin Katagiri
Quando faço zazen, se o zazen é apenas uma parte de mim, o zazen está à parte de mim e estou sempre tentando o zazen. Se estou sempre tentando, buscando o zazen, não há não-eu porque o "eu" está sempre avaliando o zazen, buscando o zazen.
Para ser não-eu, tenho que ocupar o zazen inteiro; preciso ser um com o zazen. Só assim há não-eu e não-zazen. Não-eu é simplesmente zazen. Quando a ideia de eu e a ideia de zazen não estão, o zazen puro é.
Dainin Katagiri
Deixar estar nos possibilita ver que a nossa verdadeira natureza está livre de problemas, angústia e sofrimento — e que sempre esteve. Quando paramos de tentar acalmar a superfície — e aceitamos que a própria natureza do oceano é a mudança —, começamos a experienciar essa liberdade interior.
Yongey Mingyur Rinpoche
O oceano não se transforma em algo calmo e parado. Essa não é a natureza do oceano. Mas, agora, estamos tão familiarizados com a vastidão do oceano que até as maiores ondas não nos incomodam mais. É assim que podemos, então, vivenciar nossos pensamentos e emoções — mesmo aqueles dos quais passamos a vida tentando nos livrar. Todo movimento da mente, e toda reação emocional, ainda é apenas uma pequena onda na vasta superfície da mente desperta.
Yongey Mingyur Rinpoche
O ego não é um objeto; trata-se mais de um processo que acompanha a propensão de agarrar e continuar mantendo ideias e identidades fixas. O que chamamos de ego é, na verdade, uma percepção em constante mudança. Não precisamos nos livrar do ego, porque ele, na verdade, nunca existiu. Não há um ego a ser morto.
Yongey Mingyur Rinpoche
Nós, estudantes do Zen, não ficamos presos a nada. Temos completa liberdade de prática, completa liberdade de expressão. A nossa prática é a expressão viva de nossa verdadeira natureza ou realidade. Então, é impossível ficarmos presos à qualquer coisa. Em cada momento, praticamos de maneira renovada e revigorada.
Shunryu Suzuki
Não há nada com o que contar em sua prática. Mas, por outro lado, sempre há algo que lhe será proporcionado, sempre. De acordo com as circunstâncias, você terá algum tipo de ajuda para praticar o caminho. Até mesmo a dor em suas pernas é uma ajuda. Pela dor que sente, você pratica da sua maneira. Pode ser a sonolência, a fome, o tempo quente. Tudo pode ser uma ajuda para nós.
Shunryu Suzuki
O verdadeiro sinal da prática é que a sua mente está livre das fixações, naturalmente e sem qualquer dificuldade. Outro sinal positivo, e um das mais importantes realizações, é quando sua mente se sente tão pacífica que está plena de devoção, fé e compaixão, como o céu preenchido pelo calor do sol.
Padmasambhava
Ter essa inspiração viva em sua vida é a prática sendo aplicada a cada momento. Essa é a meta que Dogen sempre enfatizou. Ele dizia: veja qualquer coisa com presença plena e integral, ouça a tudo com presença plena e integral. Sem essa prática, você não consegue manter a iluminação viva e presente em sua vida.
Dainin Katagiri
Iluminação significa que a unidade tempo-espaço penetra sua pele, seus músculos e seus ossos e Ilumina sua vida. Você vê a atividade dinâmica do tempo e espaço e ela se torna Iluminação. Ver a atividade dinâmica do tempo e espaço simultaneamente dá a você um sentimento profundo de apreciação pela vida humana.
Dainin Katagiri
Quando você toca o âmago da existência e vê a verdade fundamental, não há nada a dizer; você está simplesmente presente no silêncio. O silêncio faz sua vida ser realmente viva. Entao, mesmo se você não disser nada, seu silêncio tem muitas palavras, expressando a verdade de forma mental e física, o que pode ser percebido pelas outras pessoas. Isso é o ensinamento de Buda expressando-se através de alguém que vê a pura e clara profundidade da vida humana.
Dainin Katagiri
Uma característica do tempo é separar; a outra é conectar. O aspecto do tempo que o separa das outras pessoas é o mundo com o vemos. O aspecto do tempo que o conecta aos outros é a realidade universal. Você é conectado com todos os seres no tempo, que permeia cada milímetro do universo, e no espaço onde cada ser e cada coisa existem juntos em paz e harmonia. Portanto, você é você, mas não existe sozinho; você está conectado com tudo: cães, gatos, árvores, montanhas, o céu, as estrelas, Dogen e Buda.
Dainin Katagiri
Mais tarde o tenzo visitou Dogen, e esse lhe perguntou: " O que são palavras?" O tenzo respondeu, "Um, dois, três, quatro, cinco." Essa resposta significa encher a vida de acessórios para torná-la significativa ao invés de encarar a verdadeira natureza do tempo, onde não há conceitos, ideias, nada a dizer. O tenzo estava dizendo à Dogen: Veja como você enche a sua vida de acessórios!
Dogen então perguntou, "O que é a prática?" E o velho monge respondeu, "Nada está oculto no universo." Isso significa que você pode tocar a essência de sua vida, que está sempre presente, antes mesmo de você criar qualquer conceito ou ideia a respeito dela.
Dainin Katagiri
Quando respondemos com uma ideia sobre como deveríamos ser, estamos forçando o momento. Ficamos presos a pensar que o Zen é especial e está fora da vida diária. A partir dessa visão, como poderíamos entender nossa vida como resposta realizada? Como podemos entender que, quando nada de especial está acontecendo, nossa vida, assim como ela é, pode ressoar com a realização? Não reconhecemos as coisas hábeis que fazemos como prática-atualização. No entanto, cada momento em que somos capazes de participar totalmente da totalidade desse momento é resposta realizada. A iluminação não é um estado fixo que reside dentro de um indivíduo. Em vez disso, nos engajamos em comportamento iluminado, neste momento, respondendo em concordância com a prática contínua de todos os seres que mundam o mundo.
Shinshu Roberts
A prática-realização é baseada na atualização de nossa interconexão com toda a vida. Nossa prática é sobre realinhar nosso comportamento para refletir a verdade da interconexão, não apenas da perspectiva do eu, mas também da perspectiva da totalidade de cada coisa surgindo simultaneamente neste momento. Dogen comenta em "Gyoji" (Prática Contínua):
'Quando a prática contínua que se manifesta é uma prática verdadeiramente contínua, você pode não estar ciente de quais circunstâncias estão por trás dela, e as razões pelas quais você não as nota é que entender tal coisa não é tão especial.'
Shinshu Roberts
A forma real é todos os dharmas. Todos os dharmas são formas como são, naturezas como são, corpo como é, a mente como é, o mundo como é, nuvens e chuva como são, acordado, em pé, sentado e deitado, como são; tristeza e alegria, movimento e quietude, como são; um cajado e um batedor, como são; uma flor girando e um rosto sorridente, como são; sucessão do Dharma e afirmação, como são; aprendizado na prática e busca da verdade, como são; a constância dos pinheiros e a integridade dos bambus, como são."
Esta realização perfeita é todos os dharmas expressando totalmente sua verdadeira natureza. Somos "budas sozinhos, junto com budas". Lembramos do verdadeiro estado de nós mesmos e de todos os seres.
O eu integrado, portanto, não é separado de todo o tempo-ser. Por esta razão, Dogen escreve anteriormente em "Uji", "colocar o eu em ordem é fazer o mundo", que é a expressão singular de "mundanizar inteiramente o mundo inteiro com o mundo inteiro".
Shinshu Roberts
Frequentemente ouvimos falar sobre atenção plena associada ao budismo. Uma definição popular de atenção plena é um tipo de atenção completa em uma atividade e seu objeto. Por exemplo, enquanto lavamos pratos, podemos estar dizendo a nós mesmos: "Estou lavando um prato" e focando nossos pensamentos na sensação da atividade em si. Podemos desacelerar, seguir nossa respiração e colocar todo nosso foco na sensação da tarefa como um objeto de nossa atenção.
Não seria assim que Dogen abordaria a prática de investigação profunda ou penetração exaustiva. Ele pode descrever a atividade de lavar pratos como lavar por lavar em-si, removendo assim o relacionamento sujeito-objeto. A atenção plena pode ser um portão do dharma para a intimidade, mas não é a prática Zen de penetrar exaustivamente na totalidade da experiência de alguém. Na verdadeira intimidade do engajamento completo, não há rotulagem de si mesmo ou do outro que vem de prestar atenção a algo fora de si mesmo.
Ao praticar durante um trabalho, um aluno Soto Zen está interagindo com a totalidade de todos os elementos que surgem dentro do contexto dessa atividade. Isso significa que alguém se esforça para cumprir a tarefa de tal forma que seja respeitoso com as ferramentas usadas, o contexto do trabalho, as instruções do líder do trabalho, o tempo alocado para a tarefa e trabalhando em uníssono com os outros. O propósito do nosso esforço é completar o trabalho por meio do nosso esforço total e praticar com a tarefa em si. Não é estar atento à atividade como um objeto de nossa atenção. Quando somos capazes de nos envolver no trabalho dessa forma, abandonamos nossa própria agenda e nos envolvemos totalmente com a atividade completa de limpeza e comunidade.
Incluído nessa imersão total íntima no ser-tempo de um momento particular está o surgimento simultâneo de todo o ser-tempo. Esse não-dualismo não é separado do relativo ou cotidiano. Lavar pratos não é especial. Ao entrar no mundo da lavagem de pratos, entramos no mundo inteiro, que é o nosso mundo, praticando com esforço de todo o coração.
Shinshu Roberts
Você é consciência. Consciência é outro nome para você e, por isso, você não precisa alcançá-la nem a cultivar. Tudo que você precisa fazer é abdicar do conhecimento de outras coisas, ou seja, do não Eu. Se a pessoa abdica desse conhecimento relativo resta apenas a consciência pura, que é o Eu.
Ramana Maharshi
Tempo não passa – ainda que mesmo então ele não seja separado do eu – mas ao mesmo tempo está contido em cada instante presente, mesmo aqui e agora em mim, e em cada um daqueles pontos do meu ser-tempo os outros tempos estão incluídos. Ainda que meu instante presente seja sempre um ponto na passagem do tempo, este ponto único inclui os outros pontos passados e futuros.
Dogen
(Mestre Zen Ta Hui, em carta para Li Shih-piao)
Você indicou que quer que eu lhe instrua por carta no essencial direto. Este pensamento de procurar instrução no essencial direto já enfiou a sua cabeça numa tigela de cola. Embora eu não devesse adicionar outra camada de geada à neve, no entanto, onde há uma questão não deve ficar sem resposta. Peço-lhe que abandone imediatamente toda a alegria que já sentiu ao ler as palavras das escrituras ou ao ser excitado e instruído por outros.
Seja totalmente sem conhecimento e compreensão, como antes, como uma criança de três anos - embora a consciência inata esteja lá, ela não opera.
Depois contemple o que está lá antes que surja o pensamento de procurar o essencial direto: observe e observe.
À medida que sentes que estás a perder o controle cada vez mais e o teu coração está cada vez mais inquieto, não desistas e descontrai: este é o lugar para cortar a cabeça dos mil sábios.
Estudantes do Caminho muitas vezes desistem neste momento. Mas se a sua fé é minuciosa, continue a contemplar o que está antes de surgir o pensamento de buscar instrução no essencial direto. De repente você vai acordar do seu sonho, e não vai haver nenhum erro sobre ele.
Ta Hui
Dormi apenas três horas, lábios inchados e ressecados, mas meu coração está leve.
Despertei às 4:30, e num sopro, o dia virou noite.
Mas na imersão profunda há somente uma serena alegria - sem o peso dos pensamentos inquietos.
Passo a passo, um pé de cada vez. Se eu me perder, começo de novo
ahimsa dana
No Zen, a religião é sua vida, sempre, em cada momento. Fixe sua atenção neste momento, sem esperar nada dele, sem tornar nada dependente dele, sem acrescentar nada ou tirar nada dele. Apenas aproveite este momento.
As pessoas estão agarradas aos seus sentidos e não têm controle sobre eles. Um bodhisattva reconhece que os elementos e os sentidos são completamente vazios e os controla com seremidade.
Ele permanece na existência sem existir, pois não reflete sobre a existência. E permanece no vazio sem estar vazio, pois nao reflete sobre o vazio.
A mente pura e inabalável, não obstruída por nada, é a mente de um bodhisattva.
Ching-chuch
A sabedoria transcendente, segundo o budismo, é aquela que vê todas as coisas, sejam mundanas ou metafísicas, nem como permanentes e nem como não-permanentes, nem como puras e nem como impuras, nem possuindo um self e nem desprovidas de self: ela vê tudo como inconcebível e inexpremível. Enquanto as sabedorias mundana e metafísica se apegam a determinados pontos-de-vista (visões), e consequentemente, à “conhecimentos”, a sabedoria transcedente permanece livre dessas visões porque é baseada na realidade de que todos os fenômenos, todos os seres, tudo, não possui qualquer existência independente. Por isso, nada pode ser caracterizado como permanente, puro ou possuindo um self. E nada pode ser caracterizado como impermanente, impuro ou desprovido de self. Não há nada, absolutamente nada, a que possamos apontar e classificar de alguma forma.
Red Pine (em “The Heart Sutra”)
No Tratado dos Quatro Acessos a nossa herança kármica é comentada. Sobre essa herança não devemos nos alegrar com fama, honra ou riqueza que nos venham facilmente porque é mero resultado de karma acumulado em muitas existências. E não foi nosso “eu”, propriamente, o “eu” dessa vida, que se tornou merecedor. Nós somos produtos kármicos, agora nos manifestamos e temos uma nova identidade e ela é herdeira, sem mérito. É assim, também, com as adversidades que nos vem, elas são heranças kármicas. Tudo o que podemos fazer é aceitar essa herança e tentar mudar o nosso karma.
Não aceitamos conformadamente, mas determinados a mudar e a alterá-las através de novas ações. As ações são karma, karma significa ação, e são elas que produzem os efeitos que se manifestam posteriormente. Assim, seja o que for que nos venha, aceitamos e tratamos de mudar através de nossa nova perspectiva, através do Dharma, através das nossas ações determinadas, voltadas para o bem. Isso irá alterar o karma.
Então, o karma não é destino, ele não é impossível de ser mudado. Pelo contrário, é mutável, é plástico, deve ser alterado e, assim, todo o futuro se altera. Se não regarmos as sementes de mau karma, elas não germinarão. Se regarmos as sementes de bom karma e dermos boas condições a elas, elas germinarão, crescerão e produzirão bons frutos.
Caminhamos sobre o caminho que nós mesmos pavimentamos através de nossas ações, e o caminho que se apresenta no momento é aquele que, em nossas vidas anteriores, construímos. Cabe a nós agirmos de maneira a mudar nosso caminho.
Monge Genshô
Se alguém pratica verdadeiramente o zazen e abandona o ego, nesse momento, todas as plantas, a terra, o bosque, os campos se iluminam e brilham com intensa luz. As montanhas, os rios, as árvores, as pedrinhas, reencontram seu espírito, dão toda a sua energia e ajudam o cosmo inteiro. Assim, as pessoas que fazem zazen auxiliam toda a natureza e a todas as existências.
Taisen Deshimaru
Ao praticar o zazen, momento após momento, você aceita o que tem agora, nesse momento, e está satisfeito com tudo que faz. Por aceitar, você não tem razão alguma para queixa. Isso é o zazen. Mesmo que não consiga fazê-lo, você sabe o que fazer. Então, sentar-se em zazen o estimulará a fazer outras coisas. Da mesma maneira que você aceita suas pernas doloridas de tanto ficar sentado, você aceita sua vida cotidiana.
Shunryu Suzuki
Quando encontramos a alefria de nossas vidas na serenidade, não sabemos o que , não entendemos nada, então nossa mente estará grandiosa, abrangente. A nossa mente estará aberta para todas as coisas, portanto ela é grandiosa o suficiente para saber antes de sabermos alguma coisa. Ficamos agradecidos antes.mesmo de termos alguma coisa. Mesmo antes de alcançarmos a ilumina, estamos felizes por praticarmos o nosso caminho.
Shunryu Suzuki
Se vocês forem bem sinceros e realmente renunciarem à sua mente pequena, não haverá medo ou qualquer problema emocional. Sa mente estará sempre tranquila, seus olhos estarão sempre abertos e vocês ouvirão os pássaros quando eles cantarem. Verão as flores quando elas desabrocharem. Não há nada com que se preocupar. E se vocês se preocuparem, verão isso como algo interessante. Podemos apreciar nossas vidas plenamente quando vemos as coisas desse modo.
Shunryu Suzuki
O essencial não está longe de mim. Está aqui. No presente. Sempre e em todos os lugares. Quando isso se torna consciente em mim, muita coisa muda. O que geralmente considero óbvio torna-se um valioso presente. O tédio do olhar superficial dá lugar à admiração e a uma profunda gratidão.
É isso a espiritualidade: uma declaração de amor ao que é absolutamente comum.
Lorenz Marti
Dogen disse que se sua prática for bastante pura, vocês estarão amparados por Buda. Desse modo, não se preocupem com quem os apoiará ou com o que lhes acontecerá. Em todos os momentos, devotem-se inteiramente e escutem sua voz interior. Esse é o ponto mais importante para os alunos do Zen.
Shunryu Suzuki
As coisas irão apoiar a sua prática. Se conseguirem apreciar suas vidas no sentido verdadeiro, então mesmo que machuquem o corpo, tudo estará bem. Quando você são apoiados por tudo e percebem que tudo está sempre os apoiando, não fará diferença se estiverem mortos ou vivos. Tudo estará bem, muito bem. Essa é a renúncia completa.
Shunryu Suzuki
A experiência direta virá quando estiverem inteiramente em unidade com sua atividade, quando não tiverem ideia alguma do eu. Isso pode acontecer no zazen, mas também pode acontecer sempre que a mente que busca o caminho for suficientemente forte para esquecer seus desejos individualistas. Quanso você acredita que tem algum problema, isso significa que sua prática não é suficientemente boa. Quando sua prática é boa, o que quer que você veja, o que quer que você faça, é a experiência direta da realidade. Isso deve ser sempre lembrado.
Shunryu Suzuki