Olhamos em profundidade para compreender a natureza do interser e saber
que o eu é feito apenas de elementos não-eu. Esse insight aprimora muito a qualidade de nossa
cura.
(..) Nós já praticamos a investigação da natureza de uma folha de
papel. Vimos que a folha de papel não vem do nada. Antes de ser papel, era
muitas outras coisas: uma árvore, luz do sol, uma nuvem. Queimamos o papel,
pensando que poderíamos reduzi-la a nada, mas não tivemos sucesso. A folha de
papel se transformou em várias coisas ao mesmo tempo: fumaça subindo, calor
penetrando no cosmos e cinzas que podem se tornar uma pequena flor na grama
amanhã. Nossas ideias de ser e não ser, nascimento e morte, são apenas ideias
que temos que jogar fora. Elas não podem ser aplicadas à realidade. O Mestre
Tang Hoi disse que nunca nascemos e nunca morreremos. Existe apenas
manifestação e continuação.
Sabemos que o calor e a água formam nuvens: as nuvens não vêm do nada.
Se olharmos profundamente para uma nuvem flutuando alegremente no céu, podemos
ver sua vida anterior. Quando o ar frio toca a nuvem, a nuvem continua na forma
de chuva. Esta não é a morte da nuvem, mas uma transformação e continuação. A
nova forma que a nuvem assume não é menos bonita que a forma anterior. A nuvem
não entra em pânico, pelo contrário, canta em voz alta enquanto se transforma
em chuva. É maravilhoso ser uma nuvem flutuando no céu, mas também é
maravilhoso ser chuva caindo no chão e se tornando parte de um rio ou de um
campo de arroz.
Nada é criado, nada é destruído. Não há nascimento ou morte.
Thich
Nhat Hanh
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