A visão
de Dogen é estranhamente próxima da de Heidegger: o ser é sempre e apenas estar no tempo; o tempo não passa de ser. Isso acaba sendo menos um fato
filosófico do que experimental: viver de verdade é aceitar que você vive no ser-tempo e entrar completamente nesse
momento. Fundamentalmente, viver é abraçar cada momento como se fosse o
primeiro, o último e todos os momentos. Quer você goste ou não desse momento,
não importa: de fato, gostar ou não, estar disposto ou não a aceitá-lo,
dependendo de gostar ou não, é sentar à margem de sua vida, esperando para
decidir se deve ou não viver e, portanto, nunca viver realmente. Acho
impressionante como é tão comum ser hesitante em relação as nossas vidas, ou
tão adormecido dentro dela, e assim a perdemos completamente. Muitos de nós não
sabemos como é estar vivo. Conhecemos nossos problemas, desejos, objetivos e
realizações, mas não sabemos muito sobre nossas vidas. Geralmente, é preciso um
grande evento, o equivalente a um nascimento ou uma morte, para despertar nossa
sensação de viver esse momento que nos é dado - esse momento que é apenas ser-tempo, porque ele passa no momento
em que surge. Meditar é estar vivo no ser-tempo.
Queremos
diversão, queremos evitar dor e desconforto. Mas é impossível que as coisas
sempre deem certo, impossível evitar dor e desconforto. Por isso, para ser
feliz, uma felicidade que não mude ao sabor dos ventos, precisamos usar o que
acontece conosco - tudo – quer nos encontremos no topo de uma montanha ou no
fundo do mar.
Norman Fischer
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