Mesmo agora, quase vinte anos depois, ainda estou sujeito a
toda gama de experiências humanas comuns. Dificilmente sou o que alguém
chamaria de iluminado. Fico cansado como as outras pessoas. Às vezes sinto-me
frustado, irritado ou aborrecido. Aguardo com expectativa as pausas ocasionais
da minha agenda de ensino. Fico resfriado com muita facilidade.
No entanto, depois de ter aprendido um pouco sobre como
trabalhar com minha mente, descobri que minha relação com essas experiências
mudou. Em vez de ser completamente dominado por elas, comecei a dar boas-vindas
às lições que oferecem. Todos os desafios que enfrento hoje em dia tornaram-se
oportunidades para cultivar um nível mais amplo, mais profundo de consciência –
uma transformação que, com a prática, ocorre cada vez mais de forma espontânea,
semelhante ao modo como um nadador direciona automaticamente mais energia para
seus músculos quando encontra águas turbulentas e volta a emergir mais forte e
mais confiante após intenso sofrimento físico. Acho que a mesma coisa acontece
quando fico com raiva, cansado ou entediado. Ao invés de me fixar na
turbulência mental ou emocional propriamente dita ou procurar pela causa, tento
vê-la como é: uma onda da mente, uma expressão de seu poder irrestrito.
Yongey Mingyur Rinpoche
(em “Alegre Sabedoria”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário