sexta-feira, 5 de junho de 2015

Não se deixe desencorajar pela extensão da jornada



Você tem estado mergulhado na ignorância por muitas vidas, e está acostumado com isso. Todas as suas crenças profundamente enraizadas, todos os seus padrões de comportamento, reforçam a ignorância e fortalecem o poder que ela exerce sobre você. Essa ignorância é tão arraigada que está fortemente enredada em todas as suas estruturas psicológicas, é necessário um esforço sólido por um longo período para livrar-se dela.

A ignorância é a ignorância do Ser, e para removê-la é necessário Autoconsciência. Quando você alcança a consciência do Ser, a ignorância desaparece. Se você não perder o contato com o Ser, a ignorância não poderá surgir.

Se existe escuridão, você a remove trazendo luz. A escuridão não é alguma coisa real e substancial que você tem que desenterrar e jogar fora. Ela é apenas a ausência de luz, nada mais. Quando se deixa entrar luz num quarto escuro, repentinamente a escuridão não está mais lá. Ela não desaparece gradualmente ou vai embora aos poucos; ela simplesmente deixa de existir quando o espaço é preenchido pela luz.

Isso é apenas uma analogia, porque o Ser (que nós verdadeiramente somos) não é como as outras luzes. Ele não é um objeto que você vê ou não vê. Ele está aí o tempo todo, brilhando como sua própria realidade. Se você se recusa a reconhecer sua existência, se você se recusa a acreditar que ele está aí, você coloca a si mesmo em uma escuridão imaginária. Ela não é uma escuridão real. É sua própria recusa intencional em reconhecer que você é a própria luz. Essa ignorância autoimposta é a escuridão que precisa ser banida pela luz da consciência do Ser. Temos que nos voltar repetidamente para a luz do Ser dentro de nós, até que nos tornemos um com ela.

Quando olhamos para fora, nos envolvemos com os objetos e perdemos a consciência do Ser que brilha dentro de nós. Mas quando, pela prática frequente, ganhamos força para manter nosso foco no Ser, nos tornamos um com Ele e a escuridão da ignorância do Eu Real se dissipa. Então, muito embora continuemos a viver nesse corpo falso e irreal, nós habitaremos no oceano de bem-aventurança que nunca desaparece ou diminui.

Isso não vai acontecer em um instante, porque muitas vidas de pensamentos equivocados e ignorantes tornaram impossível para a maioria de nós focar atentamente e regularmente no Ser dentro. Se você deixar sua casa e começar a caminhar para longe dela, e se esse hábito perdurar por muitas vidas, provavelmente você estará bem longe de casa quando finalmente decidir que já chega, e que você quer voltar para o lugar de onde começou. Não se deixe desencorajar pela extensão da jornada, e não relaxe em seus esforços para chegar em casa. Vire 180º para voltar-se para a fonte de sua jornada exterior, e continue indo em direção ao lugar de onde você começou. Ignore a dor, o desconforto, e a frustração de parecer não estar chegando a lugar algum. Mantenha-se movendo de volta à fonte, e não deixe que nada o distraia no caminho. Seja como o rio em sua jornada de volta ao oceano. Ele não pára, se desvia, ou decide correr morro acima por um tempo. Ele não se distrai. Ele apenas se move lenta e constantemente de volta ao lugar de onde suas águas se originaram. E quando o rio se dissolve no oceano, ele deixa de existir. Somente o oceano permanece.


Annamalai Swami
(em “Os Ensinamentos Finais de Annamalai Swami, de David Godman”)

Nenhum comentário:

Postar um comentário