Você tem estado mergulhado na ignorância por muitas vidas, e está acostumado com isso. Todas as suas crenças profundamente enraizadas, todos os seus padrões de comportamento, reforçam a ignorância e fortalecem o poder que ela exerce sobre você. Essa ignorância é tão arraigada que está fortemente enredada em todas as suas estruturas psicológicas, é necessário um esforço sólido por um longo período para livrar-se dela.
A ignorância é a ignorância do Ser, e
para removê-la é necessário Autoconsciência. Quando você alcança a consciência
do Ser, a ignorância desaparece. Se você não perder o contato com o Ser, a
ignorância não poderá surgir.
Se existe escuridão, você a remove
trazendo luz. A escuridão não é alguma coisa real e substancial que você tem
que desenterrar e jogar fora. Ela é apenas a ausência de luz, nada mais. Quando
se deixa entrar luz num quarto escuro, repentinamente a escuridão não está mais
lá. Ela não desaparece gradualmente ou vai embora aos poucos; ela simplesmente
deixa de existir quando o espaço é preenchido pela luz.
Isso é apenas uma analogia, porque o
Ser (que nós verdadeiramente somos) não é como as outras luzes. Ele não é um objeto que você vê ou não vê. Ele
está aí o tempo todo, brilhando como sua própria realidade. Se você se recusa a
reconhecer sua existência, se você se recusa a acreditar que ele está aí, você
coloca a si mesmo em uma escuridão imaginária. Ela não é uma escuridão real. É
sua própria recusa intencional em reconhecer que você é a própria luz. Essa
ignorância autoimposta é a escuridão que precisa ser banida pela luz da
consciência do Ser. Temos que nos voltar repetidamente para a luz do Ser dentro
de nós, até que nos tornemos um com ela.
Quando olhamos para fora, nos
envolvemos com os objetos e perdemos a consciência do Ser que brilha dentro de
nós. Mas quando, pela prática frequente, ganhamos força para manter nosso foco
no Ser, nos tornamos um com Ele e a escuridão da ignorância do Eu Real se
dissipa. Então, muito embora continuemos a viver nesse corpo falso e irreal,
nós habitaremos no oceano de bem-aventurança que nunca desaparece ou diminui.
Isso não vai acontecer em um instante, porque
muitas vidas de pensamentos equivocados e ignorantes tornaram impossível para a
maioria de nós focar atentamente e regularmente no Ser dentro. Se você deixar
sua casa e começar a caminhar para longe dela, e se esse hábito perdurar por
muitas vidas, provavelmente você estará bem longe de casa quando finalmente
decidir que já chega, e que você quer voltar para o lugar de onde começou. Não
se deixe desencorajar pela extensão da jornada, e não relaxe em seus esforços
para chegar em casa. Vire 180º para voltar-se para a fonte de sua jornada
exterior, e continue indo em direção ao lugar de onde você começou. Ignore a
dor, o desconforto, e a frustração de parecer não estar chegando a lugar algum.
Mantenha-se movendo de volta à fonte, e não deixe que nada o distraia no
caminho. Seja como o rio em sua jornada de volta ao oceano. Ele não pára, se
desvia, ou decide correr morro acima por um tempo. Ele não se distrai. Ele
apenas se move lenta e constantemente de volta ao lugar de onde suas águas se
originaram. E quando o rio se dissolve no oceano, ele deixa de existir. Somente
o oceano permanece.
Annamalai Swami
(em “Os Ensinamentos Finais de Annamalai Swami, de David Godman”)
(em “Os Ensinamentos Finais de Annamalai Swami, de David Godman”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário