quinta-feira, 8 de maio de 2014

Escutar o rio


 
Quando as ondas da nossa mente se acalmam, podemos ouvir o sermão sem palavras da água, das gotas, das ervas das árvores, dos seixos e das montanhas nos ensinando a transitoriedade de todas as coisas.

Quando o olhar da mente é límpido, vemos tudo como realmente é, de modo natural. Mas assim que os olhos se distraem com objetos externos, não vemos mais.

Se escutarmos o rio sem atenção, a água que corre parece ter um ritmo constante e ininterrupto. Entretanto, nenhuma gota d’água passa duas vezes pela mesma pedra.

A vida humana não é diferente. Acreditar que ontem é igual a hoje é resultado de nossa insegurança e insensibilidade. São nossos olhos deludidos que veem o passado igual ao presente. Os olhos iluminados veem claramente a imagem das coisas em eterno movimento e reconhecem que  um instante é diferente de qualquer outro.

Shundo Aoyama Roshi
(em “Para Uma Pessoa Bonita – Contos de Uma Mestra Zen”)

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