Há quase trinta anos, no Japão, quando eu era um
artista iniciante (e ainda sou), tomava chá com um velho mestre zen-budista e
um escultor de renome. O escultor disse: “Estou passando por uma crise. Não
consigo mais criar. O que fazer?” O velho mestre replicou: “Parece que o problema
é você ser um escultor. Por que não abandona a escultura? Se você deixar de ser
um escultor, terá chance de se tornar um verdadeiro escultor.” “Roshi”, disse
eu ao mestre zen, “o senhor não acha que é tempo de deixar de ser um mestre zen
para que possa ser um verdadeiro mestre zen?” “Você me pegou meu jovem”, tornou
ele, “mas será que você não sabe que eu já deixei de sê-lo há muito tempo? Ha, há,
há, há!” “Puxa”, exclamei, “o senhor se saiu bem.”
Kazuaki
Tanahashi
(em “O Coração do Pincel”)
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