quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Cheguei à conclusão de que, se permitisse a presença do pânico e ficasse com o reconhecimento da consciência plena, veria que o pânico era apenas a manifestação da minha mente. Dessa forma, o pânico se autolibertaria, ou seja, o pânico, tal como nossos pensamentos, emoções e percepções, já é livre em si e de si mesmo. A libertação vem com uma mudança na percepção. Nossos problemas não precisam ser libertados por alguma força externa. Vi que a libertação não viria — nunca viria — se me concentrasse no pânico, ou em qualquer problema, e tentasse me livrar dele. O melhor é deixar estar, então a próxima nuvem se formará e se dissipará, e ondas calmas virão assim como ondas turbulentas. Os problemas da vida nunca vão acabar, e as pessoas que eu amava não iriam viver para sempre, e eu encontraria novos medos e ansiedades.

Mas, se ficasse com o reconhecimento da consciência plena, eu ficaria bem. Seria capaz de lidar com as nuvens e as ondas, surfar e brincar com elas, seria derrubado, mas não afundaria. Não ficaria aprisionado. Finalmente descobri a única libertação confiável do sofrimento: não tentar me livrar do problema. Então a onda parou de tentar se livrar de mim. Estava lá, mas não era prejudicial.


Yongey Mingyur Rinpoche 


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