A não ser que...

A não ser que se canse de sofrer, você não renunciará às coisas mundanas, mesmo que contemple as falhas da existência no samsara.

A não ser que a percepção da impermanência se enraíze por completo em sua mente, você não cortará o apego às aparências, mesmo que veja a mudança das coisas condicionadas.

A não ser que se convença da irrealidade da experiência ilusória, você não desistirá do apego a uma realidade material, mesmo que compreenda que ela é uma isca de ilusão mágica.

A não ser que abandone os assuntos mundanos, você não poderá separar o samsara do nirvana, mesmo que que a sua taça esteja cheia de instruções profundas.

A não ser que capture imediatamente a Realidade, não será claro para onde o carma negativo o levará, mesmo que você tenha gerado algum carma positivo para o futuro.

A não ser que erradique as suas próprias faltas internas, o repulsivo zumbi das emoções perturbadoras ressuscitará, mesmo que você tenha vislumbrado o estado claro e bem-aventurado do despertar.

A não ser que corte os laços do desejo, você voltará muitas e muitas vezes, embora tenha abandonado gostos e desgostos.

Padmasambhava
(em “Ensinamentos do Mestre que Nasceu do Lótus”)