O nosso corpo parece existir de modo tão convincente, nosso "eu" parece existir e "você" parece existir, e todo o nosso mundo dualista e ilusório, que nunca cessamos de projetar a nosso redor, parece sem dúvida sólido e real. Quando morremos, toda essa complexa construção se desfaz dramaticamente em pedaços.
O que acontece, para dizer de modo simples, é que no seu nível mais sútil a consciência continua sem o corpo e atravessa uma série de estados conhecido como "bardos". O ensinamento nos diz que, precisamente pelo fato de que nos bardos não temns mais um corpo, não há nenhuma razão para temer qualquer experiência que venhamos a ter após a morte, ainda que ela seja apavorante. Afinal de contas, como pode alguma coisa atingir "ninguém"?
O problema é que nos bardos a maior parte das pessoas continua agarrada a um falso sentido de eu, com uma dependência fantasmática da solidez física; e essa continuidade daquela ilusão que esteve na raíz de todo sofrimento na vida, na morte expõe essas pessoas a mais sofrimento, especialmente no "bardo do vir-a-ser".
Sogyal Rinpoche
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