quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Amigos, gostaria de compartilhar com vocês como me sinto agora, dois dias após a passagem de nosso querido Thay. Não sou de compartilhar muita coisa a meu respeito, até porque não me considero especial a ponto de ter que dividir publicamente com frequência o que sinto, penso e acredito. Mas nesse momento falarei de mim apenas para chegar a quem realmente importa: nosso amado Thay.


Há dias vinha como que presentindo que sua passagem estava próxima. Por favor, não me refiro a premonição, ou algum tipo de percepção especial. Apenas a forte sensação de que meu mestre amado ia partir.  Foi como se meu espírito estivesse sendo preparado para o que, eu sabia, estava prestes a acontecer.


Quando soube da passagem de Thay na noite de sexta feira, eu estava já recolhido, pronto para retomar a leitura que sempre faço antes de dormir. Quando soube da notícia não pude evitar as lágrimas (lágrimas essas que voltam agora, quando compartilho isso com vocês), e nem tentei evitá-las. Meu mestre, a pessoa mais doce que já vi, o ser mais íntegro que conheci, aquele que por diversas vezes me consolou, esclareceu e orientou nos momentos difíceis, e que me encantou, exemplificou, instruiu, esclareceu e maravilhou com sua doçura, poesias e, principalmente, exemplo, havia partido.


Por favor, entendam, e isso precisa ficar muito claro: não foi apenas "uma grande alma" que partiu. Um Buda esteve entre nós, um homem que personificou tudo aquilo que às vezes as notícias do dia a dia insistem em tentar nos fazer desacreditar: a força da doçura sobre a grosseria; o poder da compaixão sobre o egoísmo; a poesia que existe para quem tem olhos para ver, e não se perde na feiúra de algumas paisagens. Repito: nós tivemos a grande fortuna de ter conhecido um Buda!


Naquela noite não consegui ler, nada, nem mesmo algum trecho de um livro de Thay. Apenas chorei em silêncio, e também em silêncio decidi, naquele momento e com certeza inabalável, que a partir dali eu seria o aluno dedicado como jamais fui, por mais que tenha praticado. Decidi isso por mim, decidi em honra de Thay, e decidi por compaixão a todos aqueles a quem eu puder de alguma forma ser útil. E desde então como que uma clareza, uma atenção plena sem esforço, uma gratidão e compaixão e sentimento de unidade com tudi e todos está presente em mim. Essa é mais uma das maravilhas de nosso Thay: ser capaz de transformar, de dar força, mesmo depois de sua passagem. Sei que outros discípulos ao redor do mundo sentiram o mesmo, como que energizados e revigorados e fortes em suas práticas, em honra a nosso mestre querido.


E por isso, digo aqui que se alguém um dia puder ver em mim leveza, compaixão, doçura, e talvez alguma sabedoria... Se algum dia algumas dessas qualidades manifestarem-se em mim, eu possa afirmar com humildade,  saudade e, acima de tudo, gratidão:  " Por favor, acredite, o mérito não é meu, mas de meu mestre, o mais suave, doce e forte que viveu em nossa era:  Thich Nhat Hanh."


🙏eu (23.01.2024)

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