“Em minha
vida, até este
momento, tudo tem chegado
na hora certa. Minha
mente está serena, porém
concentrada, e eu
a observo como
o gato observa
o camundongo.”
Tudo faz crer
que foi mais
ou menos nessa ocasião,
quando alcançara uma
nova fase de
consciência, que ele perdeu
quase que de
todo a memória
do passado. Isso
se coadunava com os
seus ensinamentos, segundo
os quais a memória era
um peso morto que
não devia ser
carregado de um
dia para o
outro, a não ser
com finalidades práticas;
a morte a
cada dia era um
constante renascer.
Lady Emily,
contudo, e outras
pessoas como ela
achavam que os seus ensinamentos tinham
ficado tão abstratos
que já não podiam
servir de auxílio real
aos que eram obrigados a
viver num mundo
competitivo com responsabilidades de família
— e
achavam por isso
que ele estava, na realidade,
fugindo da vida
como esta realmente
era. Muitas pessoas que
não conseguiram compreendê-lo
sentiram, e continuam
sentindo, o mesmo. Ele
tentou convencer Lady Emily em
algumas cartas que são
hoje tão válidas
quanto o eram
então:
Lamento muito
que você se
sinta dessa maneira
a respeito do que
eu digo. O
êxtase que sinto
é o resultado
deste mundo. Eu
queria compreender, queria vencer
o sofrimento, a
dor do apego
e do desapego, da
morte, da continuidade
da vida, de
tudo aquilo por
que o homem passa,
todos os dias.
Eu o queria
compreender e vencer.
Compreendi e venci. Portanto,
meu êxtase é
real e infinito,
não é uma
fuga. Conheço a saída
desta aflição incessante
e quero ajudar
as pessoas a
safar-se desse pântano de
dor. Não, isto
não é uma
fuga. [30 de
dezembro de 1931.]
(citado por Mary Lutyens
sobre Krishnamurti, em “Krishnamurti: Os Anos do Despertar”)
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