Não
ser de uma família de monges no Japão significa uma dificuldade, da maneira
como o Zen se estruturou no Japão, em que templos acabam sendo hereditários e
confortáveis cartórios para se viver, os monges de vocação são diferentes e
essa é a condição dele. Ele foi para um mosteiro e ficou dez anos sem sair, dez
anos vivendo como nós estamos vivendo no sesshin, praticando cerimônias, sem
família e sem ver o fim, sem nunca ver o fim. Sempre na esperança de chegar um
pouco mais longe. Uma vez por mês sesshin. E todos os dias no encerramento das
atividades o verso “não desperdice sua vida”. Porque todos os dias passam e
você não obteve o despertar. Todos os dias de novo, por dez anos. Então, é
claro, o rosto muda.
Ele
ficou na minha casa e o que posso dizer dele? Um homem comum, só que em sua
conduta não há falhas. Eu disse à ele que poderia ver televisão se quisesse,
ele me respondeu que faz 15 anos que não vê televisão, então vai para o quarto
e lê, ou senta num zafu e pratica zazen. Depois de dez anos ele ainda precisa
praticar. Ele pediu para ficar em casa um dia e o que ele fez? Lavou a roupa,
estendeu, limpou a casa. Se você disser, “sim, ele recebeu a transmissão, agora
é Osho, isso significa que ele tem alguma realização espiritual, mas qual é
esse intelecto, essa inteligência, essa compreensão, essa sabedoria?” A única
coisa que posso dizer é que ele limpou a casa.
Monge Genshô
(trecho de um post de seu inspirador blog "O Pico da Montanha é onde estão os meus pés")
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