segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sigamos em frente


Me lembro de uma vez na primavera quando a neve derreteu e a caverna ficou completamente alagada. Ela penetrava pelo telhado porque não havia mais gelo para impedi-la. Havia muitas goteiras e tudo na caverna estava molhado. Eu sentia muito frio, estava péssima. Pensava: “É, eles estavam certos sobre morar em cavernas. Quem iria querer viver nesse alagamento horrível? Eu me sentia miserável. E a neve não parava.

De repente, pensei: “Você continua procurando a felicidade no samsara? Estamos sempre querendo que tudo corra bem e temendo que não seja assim. O Buda não disse algo sobre duhkha?”

Então percebi: “Não importa. Realmente não importa. Samsara é duhkha. Sem problemas. Por que ansiar pela felicidade? Se a ela estiver aqui, ok; se não estiver, fazer o quê? Não importa.”

Quando percebi isso, o peso da esperança e do medo se foram. Senti um grande alívio. E senti uma enorme gratidão para com o Buda porque vi que o que ele disse é verdade: samsara é duhkha. E aí? O que eu esperava? Por que fazer tanto drama quando sofremos? Não importa. Sigamos em frente.


Jetsunma Tenzin Palmo
(em “Reflections On A Mountain Lake”)



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