Assim como o tolo crê que haja
diferenças significativas entre a água e o gelo, aqueles que são apegados aos
sentidos e ao conhecimento relativo crêem na distinção entre espírito e
matéria. Mas essa distinção desaparece quando a realidade absoluta é misticamente
revelada.
Segundo o budismo, há dois tipos de
realidades. A primeira consiste em nosso corpo psicofísico e o mundo ao redor, e
é experimentada através dos sentidos. Esses são sempre mutáveis,
insatisfatórios e desprovidos da percepção do espírito. É uma realidade
condicionada.
A segunda realidade só é misticamente
intuída quando a primeira realidade é integrada nela, o que dissolve seu poder
sobre nós. Então, a primeira realidade é reconhecida como uma projeção
ilusória. Já a segunda realidade é incondicionada, é o espírito absoluto ou
Natureza de Buda. Radiante, feliz e eterna.
Mas apenas ler ou pensar sobre isso é
incapaz de nos conduzir a essa segunda realidade. Somos como o tolo que não
acredita que a água e o gelo sejam fundamentalmente a mesma coisa. Ainda
estamos alheios à Realidade verdadeira, aprisionados por nossas paixões e pelo
desejo de encontrar liberdade e significado em meio à realidade condicionada.
Mas o alcance desta é relativo e vazio. Não possui espírito.
A não ser que estejamos abertos para a
verdade, nem mesmo o maior mestre do mundo poderia levar-nos à intuição mística
necessária que nos libertaria dos fenômenos sedutores da primeira realidade.
Aceitar essa Realidade é como abrir a cortina que permite a entrada de luz. Em
meio à primeira realidade há apenas escuridão.
Ainda que acreditemos ser capazes de
perceber a realidade, na verdade estamos nos iludindo. Quanto mais aceitarmos a
primeira realidade (que é falsa), mais iremos contra a verdade.
(extraído do blog The Zennist)
Nenhum comentário:
Postar um comentário