segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Duas realidades



Assim como o tolo crê que haja diferenças significativas entre a água e o gelo, aqueles que são apegados aos sentidos e ao conhecimento relativo crêem na distinção entre espírito e matéria. Mas essa distinção desaparece quando a realidade absoluta é misticamente revelada.

Segundo o budismo, há dois tipos de realidades. A primeira consiste em nosso corpo psicofísico e o mundo ao redor, e é experimentada através dos sentidos. Esses são sempre mutáveis, insatisfatórios e desprovidos da percepção do espírito. É uma realidade condicionada.

A segunda realidade só é misticamente intuída quando a primeira realidade é integrada nela, o que dissolve seu poder sobre nós. Então, a primeira realidade é reconhecida como uma projeção ilusória. Já a segunda realidade é incondicionada, é o espírito absoluto ou Natureza de Buda. Radiante, feliz e eterna.

Mas apenas ler ou pensar sobre isso é incapaz de nos conduzir a essa segunda realidade. Somos como o tolo que não acredita que a água e o gelo sejam fundamentalmente a mesma coisa. Ainda estamos alheios à Realidade verdadeira, aprisionados por nossas paixões e pelo desejo de encontrar liberdade e significado em meio à realidade condicionada. Mas o alcance desta é relativo e vazio. Não possui espírito.

A não ser que estejamos abertos para a verdade, nem mesmo o maior mestre do mundo poderia levar-nos à intuição mística necessária que nos libertaria dos fenômenos sedutores da primeira realidade. Aceitar essa Realidade é como abrir a cortina que permite a entrada de luz. Em meio à primeira realidade há apenas escuridão.


Ainda que acreditemos ser capazes de perceber a realidade, na verdade estamos nos iludindo. Quanto mais aceitarmos a primeira realidade (que é falsa), mais iremos contra a verdade.

(extraído do blog The Zennist)

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