terça-feira, 17 de março de 2015

A iluminação de Han Shan



Quando seu ego ilusório e sempre mutável morre, você consegue realizar a verdadeira natureza permanente, o imutável Self de Buda! Somente as aparências mudam. A realidade subjacente a tudo não muda jamais!

Eu queria que meu ego se desvanecesse como o daquele Bhramim. Eu queria refugiar-me em meu Self de Buda. Levantei-me e fui para o templo. Prostrei-me diante do altar. De repente tudo parecia extremamente claro para mim.

Quando me dirigi á saída, parei nos degraus e olhei maravilhado para o pátio. Um vento forte havia começado a soprar espalhando folhas das árvores ao redor. Havia centenas delas no ar. Apesar disso, elas moviam-se lentamente... Simplesmente ali, suspensas no ar... E tudo em volta estava tão sereno...

Finalmente eu havia visto algo com meus olhos de Buda!  Compreendi que o ego se move continuamente, como uma corrente de ar ou de água. Mas o que vemos é na realidade estável, uma matrix no qual todas coisas pulsam, surgindo e desaparecendo continuamente.

Agora eu compreendia! Meu ego havia decidido que uma certa porção da matéria era folha de árvore; depois meu ego decidiu encadear séries de imagens e chamar essas séries de movimento: folhas ao vento. 

Na realidade, não havia um eu nos degraus do templo. Não havia nem mesmo degraus. Não havia vento, ou folhas ao vento. Meu ego havia criado limites para tudo, na matéria, no tempo, e deu às coisas nome e forma. Mas a Realidade, sem a interferência de meu ego, não possui conceitos, não tem forma definida e não está presa à corrente do tempo!

Agora eu sabia. Nada nasce e nada pode morrer. Tudo simplesmente é. 

Han Shan
(em "The Autobiography of Han Shan")

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