Os budistas distinguem três níveis de sabedoria. O primeiro nível é a sabedoria comum, mundana, que considera aquilo que é impermanente como sendo permanente, o que é impuro com sendo puro, e o que não tem self como possuindo um self. Essa é a sabedoria comum ao mundo todo, e apesar de sua natureza equivocada, é por meio dela que a maioria dos seres vivem suas vidas.
O segundo nível é a sabedoria metafísica, que considera o
que é permanente como sendo impermanente, o que aparenta ser puro como impuro,
e o que aparenta ter um self como não
possuindo um self. Essa é a sabedoria
superior dos que praticam meditação e cultivam filosofia. Apesar de propiciar insights
a respeito da mais alta realidade, essa sabedoria mantém-se enraizada numa
visão dualista, e não resulta em iluminação. No máximo, ela propicia o fim das
paixões e a libertação de novos renascimentos.
O terceiro nível é a sabedoria transcendente, que vê todas as
coisas, sejam mundanas ou metafísicas, nem como permanentes e nem como
não-permanentes, nem como puras e nem como impuras, nem possuindo um self e nem desprovidas de self: vê tudo como inconcebível e
inexpremível. Enquanto as sabedorias mundana e metafísica se apegam a determinados
pontos-de-vista (visões), e consequentemente, à “conhecimentos”, a sabedoria
transcedente permanece livre dessas visões porque é baseada na realidade de que
todos os fenômenos, todos os seres, tudo, não possuem qualquer existência
independente. Por isso nada pode ser caracterizado como permanente, puro ou
possuindo um self. E tampouco nada pode
ser caracterizado como impermanente, impuro ou desprovido de self. Não há nada, absolutamente nada, a
que possamos apontar e classificar de alguma forma.
Red Pine
(em “The Heart Sutra”)
(em “The Heart Sutra”)
Nenhum comentário:
Postar um comentário