sexta-feira, 29 de maio de 2015

Entregue tudo a sua mente fundamental




É possível que as coisas em sua vida sigam suave e livremente, mas para que isso ocorra você deve entregar tudo que aparecer à sua Mente Fundamental.

Quando as coisas ocorrerem bem, deixe que sigam com gratidão para sua Mente Fundamental – não se apegue a elas. E quando as coisas não forem do jeito que você gostaria, entregue-as também à mente fundamental com a confiança de que ela é a única capaz de lidar corretamente com o que surgir. Faça o mesmo em relação a tudo em sua vida.

Uma vez que algo é absorvido, manifesta-se exatamente da forma como você recebeu. Todas os fenômenos bons, ruins, triviais e inteligentes que você armazena em si certamente reaparecerão para você. 

Alguns acham difícil entender isso. As coisas que surgem em sua mente ou que vêm do exterior são armazenadas em você de acordo como você reage a elas. Todos vivemos assim a cada momento. Não se torne alguém que dependa dos outros: pratique e vivencie em si próprio essa realidade e então viva livre e dignamente.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Nossa Essência é Clara e Límpida

                                                                                                      Daoxin


Pergunta: Como podemos entender as características do dharma? Como podemos iluminar e purificar nossas mentes?

Daoxin: Não recitando o nome de Buda, não restringindo a mente, não discriminando, não se atendo a práticas que limitam (pois nenhuma prática em si leva à iluminação!). Simplesmente deixe que a mente seja: não a faça ir, não a faça voltar. Na pureza solitária de seu interior, a mente (a essência do ser) é por si mesma iluminada e pura. Se a observarmos verdadeiramente veremos que a mente é como um espelho límpido. Se conseguirmos observá-la verdadeiramente durante um ano, ela se tornará mais clara e pura; se o fizermos por três ou cinco anos, se tornará mais clara e pura ainda.

Alguns entendem isso através dos ensinamentos. Outros entendem espontaneamente. Um sutra diz: “A identidade real da mente dos seres (sua essência), é como uma pérola submergida na água. Quando a água é turva, a pérola permanece oculta. Quando a água é clara, a pérola é revelada.”


Daoxin  – Quarto Patriarca Chan (Zen)
(em “La Aurora del Zen”)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A mente é Buda




A mente é Buda. Fora da mente não há nenhum outro Buda. Há cinco maneiras de abordar essa verdade:

Uma: compreender que a essência da mente (do ser) é por natureza pura e limpa, e isso é o mesmo que o Buda;

Dois: compreender que a mente produz todos os fenômenos e cria todas as ilusões às quais nos engolfamos;

Três: estar sempre desperto, sem interrupções, de modo que a mente desperta esteja sempre presente, reconhecendo que a Realidade não possui forma definida e a que possa ser classificada;

Quatro: contemplar sempre a existência corporal como sendo essencialmente vazia e, uma vez que não se discrimine mais o mundo interior e o exterior, viver corporalmente no âmbito da realidade sem obstruções;

Cinco: preservar o equilíbrio e não agitar-se, fluindo sempre através do movimento e da quietude, reconhecer o Dharma de Buda por meio do estudo e entrar sempre que necessário e rapidamente no portal da concentração.    


Daoxin  – Quarto Patriarca Chan (Zen)
(em “La Aurora del Zen”)





terça-feira, 26 de maio de 2015

A Realidade que não vemos



Mahamati, as coisas não surgem por si próprias. Isso não quer dizer que elas não surjam. Não-surgir significa que os fenômenos (seres, sensações, ocorrências, tudo) não possuem existência própria independente de causas e condições. Tudo que pensamos existir é na realidade um fluxo momentâneo e contínuo que se manifesta sob diferentes formas sem possuir qualquer existência independente em si.

Buda
(Lankavatara-Sutra)

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Os Três Níveis de Sabedoria



Os budistas distinguem três níveis de sabedoria. O primeiro nível é a sabedoria comum, mundana, que considera aquilo que é impermanente como sendo permanente, o que é impuro com sendo puro, e o que não tem self como possuindo um self. Essa é a sabedoria comum ao mundo todo, e apesar de sua natureza equivocada, é por meio dela que a maioria dos seres vivem suas vidas.

O segundo nível é a sabedoria metafísica, que considera o que é permanente como sendo impermanente, o que aparenta ser puro como impuro, e o que aparenta ter um self como não possuindo um self. Essa é a sabedoria superior dos que praticam meditação e cultivam filosofia. Apesar de propiciar insights a respeito da mais alta realidade, essa sabedoria mantém-se enraizada numa visão dualista, e não resulta em iluminação. No máximo, ela propicia o fim das paixões e a libertação de novos renascimentos.

O terceiro nível é a sabedoria transcendente, que vê todas as coisas, sejam mundanas ou metafísicas, nem como permanentes e nem como não-permanentes, nem como puras e nem como impuras, nem possuindo um self e nem desprovidas de self: vê tudo como inconcebível e inexpremível. Enquanto as sabedorias mundana e metafísica se apegam a determinados pontos-de-vista (visões), e consequentemente, à “conhecimentos”, a sabedoria transcedente permanece livre dessas visões porque é baseada na realidade de que todos os fenômenos, todos os seres, tudo, não possuem qualquer existência independente. Por isso nada pode ser caracterizado como permanente, puro ou possuindo um self. E tampouco nada pode ser caracterizado como impermanente, impuro ou desprovido de self. Não há nada, absolutamente nada, a que possamos apontar e classificar de alguma forma.

Red Pine
(em “The Heart Sutra”)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Não há um eu que sofra



As pessoas comuns vivem em ilusão e não sabem que seu corpo físico – mas não sua essência - é somente uma combinação temporária de elementos. Ela escutam a respeito da vida e sentem prazer. Elas escutam a respeito da morte e ficam aflitas. Elas não imaginam que, por esses corpos não serem elas, não existe vida e morte. E se com o corpo é assim, o mesmo ocorre com a mente. Suas ilusões, racionalizações e sombras não são nada além de combinações advindas dos sentidos. Mas quando reconhecerem que o mundo é criado como reação aos nossos sentidos, verão que não existe um eu que sofra.

Chen-k’o, monge Chan chinês
(citado por Red Pine em “The Heart Sutra”)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Huang Po: O real caminho Zen



Só quando sua mente parar de apegar-se ao que quer que seja você compreenderá o real caminho Zen. A verdade ensinada por Buda floresce na mente que é livre de pensamentos conceituais, ao passo que discriminar entre isso e aquilo a mantém presa ao carma.

Huang Po
(em “The Zen Teaching of Huang Po”)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Confiar em sua essência original

                                                       Foto: Andy Karr

Ao analisar o que angustia as pessoas, vejo que elas têm diversos problemas que as sobrecarregam e sufocam. Problemas genéticos, cármicos ou espirituais; problemas triviais, como os de ordem familiar e financeiros. Como eles podem ser resolvidos? Você deve confiar tudo que encontrar à sua essência original, que é o único lugar onde os problemas se resolvem. Entregue confiantemente tudo que surgir à essência original,  e observe.

Não se trata de rezar para algo externo a espera de um auxílio. Ao confiar firmemente e com fé em sua essência, o que ocorre? O carma se dissolve, os hábitos de incontáveis vidas se vão, e você descobre o seu verdadeiro eu. Se confiar tudo à sua essência original, ela cuidará de você imediatamente.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

terça-feira, 19 de maio de 2015

O desapego é a essência do Caminho

                                         Foto: Andy Karr

O desapego é a essência do Caminho. Os sutras dizem: “Desapego é iluminação porque ele nega as aparências”. Budismo é consciência. Os mortais que são conscientes alcançam a Iluminação e por isso são chamados Budas. Os sutras afirmam: Aqueles que se livraram das aparências são chamados de Budas”.

Bodhidharma
(em “The Zen Teaching of Bodhidharma”)


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Huang Po: A cadeia do carma



Uma simples reflexão dualística já é suficiente para arrastá-lo para a cadeia do carma. A ignorância movimenta a roda cármica, criando uma infinita cadeia de causas e consequências. Até que nos iluminemos, essa é a lei que governa nossas vidas.

Huang Po
(em “The Zen Teaching of Huang Po”)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Unidade e diversidade


Por que então se diz que as coisas não são vazias e ao mesmo tempo, que elas não existem? Porque como tudo muda momento a momento, não existe uma identidade particular a qual você possa dizer que é a identidade real de alguma coisa. Em outras palavras, tudo é vazio porque apesar de ter existência, está constantemente mudando. Da mesma forma, todos os seres dos mundos visível e invisível vivem juntos, compartilhando e aprendendo uns com os outros, sem distinção entre Budas e seres não-iluminados.

Por exemplo, há um ditado que diz: “Águas e montanhas não são distintas, mas a água existe como água e a montanha existe como montanha.” Cada elemento tem sua função a realizar, mas todos são um só. Mesmo sendo um só, existem separadamente. Cada elemento tem sua aparência, experiências diferentes e lugares diversos em suas vidas. Coisas que pertencem a xícaras são postas em xícaras, coisas que pertencem a pratos são servidas em pratos, e coisas que pertencem a tigelas são oferecidas em tigelas. Cada recipiente é utilizado naturalmente, de acordo com seu propósito. A menos que vocês entendam esse princípio simples, tudo ficará complicado. A verdade que se aplica a uma coisa se aplica a todas as outras. Não há nada que exista à parte de tudo o mais.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Ver sua natureza original é encontrar o Buda



Você não pode conhecer sua própria mente enquanto seguir enganando a si próprio. Enquanto enfeitiça a si próprio com uma vida sem sentido, morta, você não é livre. A culpa não é de Buda. Mas as pessoas são iludidas e inconscientes de que suas próprias mentes são o Buda.  Não fosse assim e não estariam procurando o Buda fora de suas mentes.

Se usar sua mente para procurar Buda, não o encontrará. Enquanto seguir procurando o Buda por aí, jamais verá que sua própria mente é o Buda. Não use sua mente para invocar os Budas. Budas não recitam sutras. Budas não seguem preceitos, e não quebram preceitos. Budas não constroem ou destroem nada. Budas não fazem o bem e nem o mal.

Para encontrar o Buda você deve olhar para dentro de sua própria natureza original. Aquele que vê sua natureza é um Buda. Invocar Budas, recitar sutras, fazer oferendas, seguir os preceitos, tudo isso é inútil se você não reconhece sua natureza. Invocar os Budas somente resultará em um bom carma; recitar sutras possibilitará apenas desenvolver uma boa memória; seguir os preceitos garantirá um bom renascimento. Oferendas trarão bençãos futuras – mas não o Buda.

Pois qualquer prática é condicional – produz carma! Elas almejam e trazem retribuições e com isso mantém girando a roda do carma. E enquanto você estiver preso ao carma, sujeito a nascimentos e mortes, não alcançará a Iluminação. Para alcançar a Iluminação é necessário ver dentro da própria natureza.

Um Buda é um ser livre de carma. Livre de causas e efeitos. 

Bodhidharma
(em “The Zen Teaching of Bodhidharma”)

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Huang Po: Uma só "substância"



Todos os seres sensíveis são Budas, o Buda é um só com todos eles. Todos são compostos de uma só “substância”. O universo que vemos, o Nirvana, a atividade frenética e a serena placidez – tudo é uma só “substância”. Assim é com o nosso mundo e com os mundos além desse.

Sim! Os seres que nascem, crescem, envelhecem e morrem, o vasto mundo com suas montanhas e rios, a Natureza de Buda e as ilusões – tudo isso é uma “coisa” só.  Ao afirmar que tudo é Um, os nomes e as aparências e seus surgimentos e extinções são vazios. Os inumeráveis universos, incontáveis como os grãos de areia do Ganges, estão contidos no vazio.

Se a natureza de tudo que existe é isso, como pode as distinções entre os elementos ser real?

Huang Po
(em “The Zen Teaching of Huang Po”)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Praticar sem praticar



Praticar o Dharma de Buda é reconhecer a realidade no qual tudo é absolutamente puro. Por isso, todas as aparências são vazias, ilusões. Apego e desapego, sujeito e objeto, não existem. Os sutras dizem: “O Dharma é livre da impureza chamada ser e é livre da impureza chamada self”. Os que são suficientemente sábios para crer e compreender essa verdade estão aptos a praticar de acordo com o Dharma. E como o que é real não se importa com tolices, eles dão seus corpos, suas vidas, seus bens, com caridade e sem arrependimentos, sem a vaidade de doador. Sem preconceitos ou apegos. Por isso, em sua prática são capazes de ajudar a todos, glorificando assim o Caminho da Iluminação.

Porém, quando praticam, não estão praticando. Isso é verdadeiramente praticar o Dharma.

Bodhidharma
(em “The Zen Teaching of Bodhidharma”)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Huang Po: A verdade do Zen

Não importa que outros falem do Caminho de Buda como algo a ser alcançado através de disciplinas, práticas e estudos de sutras: você não deve seguir essas idéias equivocadas. Uma percepção, súbita como um piscar de olhos, de que sujeito e objeto são um só, o conduzirá a uma profunda e surpreendente compreensão, e através dessa compreensão você despertará para a verdade do Zen.

 Huang Po
(em “The Zen Teaching of Huang Po”)



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Seu verdadeiro ser é puro


Não se apegue às aparências e você irá superar todas os obstáculos. Mas basta um momento de hesitação e você se verá sob o encanto do mal. Seu verdadeiro ser é puro e impenetrável, mas você não é ciente disso devido às ilusões, e por isso sofre em vão as consequências de seu carma. Onde quer que encontre prazer, você encontrará também escravidão. Mas uma vez que você desperte para seu ser original, não mais será escravo dos apegos.

Quem abre mão do transcendente e escolhe o mundano em todas as suas formas é um simples mortal. Um buda é alguém livre seja nos bons e nos maus momentos. Seu poder é tanto que o carma não o aprisiona. Não importa o tipo, o buda é capaz de transformá-lo. Paraíso e inferno não significam nada para ele.

Bodhidharma
(em “The Zen Teaching of Bodhidharma”)

Os outros são eu



Como eu sempre digo a vocês: trate a todos com gentileza, sem distinções. Veja as dores dos outros como sendo suas, e considere a cada um como sendo próximo a você. Não encare nem mesmo a uma pequena planta como algo separado. Agindo assim você conquistará sabedoria e se libertará dos apegos. Não há ninguém que seja inerentemente ruim; ao contrário, todas as más ações resultam da ignorância. As pessoas cometem ações más por ignorância e, de diversas maneiras, sofrem as consequências do que fizeram.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mente vazia e pura



O mestre zen Tsung-mi disse o seguinte: "Quando não há pensamentos discriminatórios, tais como desejo ou raiva na mente, diz-se que a mente está vazia – isso não significa que ela não exista”.  Para Tsung-mi, uma mente que está vazia é positiva, pois é vazia de impurezas. As impurezas são o negativo. Uma vez que se elimine as contaminações, só a mente imaculada permanece. Este espírito é imortal. Esta mente sempre foi livre. Por mais que nossos corpos e pensamentos mudem e por mais que nos envolvamos com as mudanças do mundo, a mente vazia é serena e imperturbável.

(Extraído do site The Zennist)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Clara pureza da Mente


Se compreendes completamente a clara pureza da Mente, então todas as promessas se cumprem, todas as práticas se cumprem, tudo se realiza. Já não estás mais sujeito aos diferentes estados do ser. Para aqueles que encontram a Realidade, os inumeráveis seres sensíveis são uma só pessoa: a única pessoa, que tem estado em sintonia com a Realidade desde sempre.

Huike – Segundo Patriarca Zen
(em “La Aurora del Zen”)

terça-feira, 5 de maio de 2015

Pare de buscar



Para descobrir sua Natureza de Buda, pare de buscar conhecimento intelectual e abandone a ideia de que as coisas devem ser feitas através de uma determinada prática. Até mesmo sentar-se em meditação o dia todo não irá ajudá-lo. A Verdade Eterna existe em todos os lugares, em cada detalhe. Você deve compreender profundamente que tudo tem sua origem e seu fim no mesmo lugar: a realidade última.  Tudo o que você vê tem origem ali. Tudo o que faz é feito por ali. Você precisa ter absoluta convicção disso. Porque você existe, tudo em seu mundo existe.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A luz do sol jamais desaparece



O Buda disse: “Dentro dos corpos dos seres sensíveis há uma indestrutível natureza iluminada. É como o sol: seu corpo é brilhante, redondo, pleno, e sua luz é vasta e sem limites. Por estar coberto pela nuvem dos cinco sentidos, os seres sensíveis não a vêem. Se encontras o vento da sabedoria, seu sopro afasta os cinco sentidos. Quando as nuvens desaparecem totalmente, a natureza iluminada brilha perfeitamente, clara e pura”.

A luz do sol jamais desaparece, só pode ser coberta e obstruída pelas nuvens.  A pura natureza da realidade dos seres sensíveis também é assim. Não se manifesta plenamente porque camadas e camadas de nuvens – as aflições, os falsos pensamentos que adere aos fenômenos – cobrem e bloqueiam o Caminho dos Sábios. Se falsos pensamentos não surgirem, o sol do grande Nirvana será espontaneamente brilhante e claro.

Huike – Segundo Patriarca Zen
(em “La Aurora del Zen”)

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Uma nuvem à deriva



Nossa vida é como uma nuvem à deriva que dura apenas um momento. Tudo muda o tempo todo, e essas mudanças e esse fluir são a realidade em si.

Daehaeng Sunim
(em “Wake Up and Laugh”)