Em seu primeiro ensinamento após a iluminação, chamado de
As Quatro Nobres Verdades, o Buda falou sobre o sofrimento. A Primeira Nobre
Verdade afirma que o desconforto é inerente ao ser humano. Ao nosso redor, as
marés, o vento, o fogo, a terra, a água, estão sempre assumindo formas
diferentes. E da mesma forma, nós também estamos sempre mudando. Há em nós
fluxo e refluxo, assim como nas marés. Assim como a lua, crescemos e minguamos.
Nos esquecemos de que, como ocorre com as condições climáticas, somos fluidos e
não sólidos. E por esquecermos disso, sofremos.
A Segunda Nobre Verdade ensina que a resistência é o
principal mecanismo daquilo que chamamos ego,
e que essa resistência causa sofrimento em nossas vidas. Tradicionalmente
afirma-se que a causa do sofrimento é a nossa estreita visão da vida, visão
essa que nos faz sermos viciados no EU.
Não aceitamos que somos seres mutáveis, que fluímos assim como o tempo lá fora,
e que somos feitos da mesma energia de todos os outros seres. Ao resistirmos,
nos fincamos os nossos pés, e nos tornamos sem maleabilidade. A resistência é o
que chamamos de ego.
A Terceira Nobre Verdade diz que o sofrimento cessa quando
paramos de tentar manter esse imenso EU a qualquer custo. É o que praticamos na meditação. Ao deixar de seguir nossos
condicionamentos e o roteiro que criamos para nós, apenas praticamos, não
importa qual seja o “clima” no momento.
A essência da Quarta Nobre Verdade é a de que podemos
utilizar qualquer coisas para compreender que somos parte da energia que criou
tudo o que existe. Se aprendermos a viver como uma montanha em meio a um
furacão, abertos para a verdade, simplesmente sendo parte da vida, deixaremos
de ser esse ser separado dos outros e que vive repelindo as coisas que surgem
no caminho. Quando deixamos de resistir e simplesmente permitimos que as coisas
fluam através de nós, vivemos nossas vidas integralmente. Cabe a nós decidir.
Pema
Chodron
(em
“Confortable with Uncertainty”)
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